sexta-feira, 7 de setembro de 2007

Tristeça portenha.

Eu sempre penso que o tango é a expressão do existencialismo a travês da música.
É a música existencial por excelência. Narra histórias de pessoas que, como aquele estrangeiro de Camus, na praia argelina na que o calor do sol derretia os miolos, se vem abocadas a viver uns acontecementos que não podem calcular, nem programar, nem controlar.
A vida arrastra-os, a travês do tempo, quase sempre em caida livre, cara o sinsentido e a tristeça.
Só que o tango, é a quinta-esséncia desse existencialismo: Percantas que gambetean a pobreça nas casas de pensão, homens que sofren por elas, caendo cada vez mais baixo por un amor impossível, porque un homem mais rico as mantén.
Bacanas que jogam com seus amantes como joga um "gato maula con un mísero ratón".
Jogadores de apostas compulsivos que por umha cabeça dum cavalo numha carreira, perdem para sempre o amor que "borra la tristeza,calma la amargura". E jà não querem seguir a viver.
Que centos de veces querem deixar o jogo, mas , ao final, por "una cabeza todas las locuras".
Hà um tango, que pertence ao filme de Saura, mas que tirei subido por outra via.
Era o preferido dos meus pais, que o bailavam na sua mocidade:




"La Cumparsita"

Deixo-vos este video e estes outros audios, para que podás perceber as palàvras:





Andrés Calamaro, um dos meus artistas portenhos preferidos, acompanhado na guitarra por "El niño Josele", canta este "Mano a mano", cheio de palàvras em Lunfardo, a lingua do arrabal portenho e do tango. Calamaro, como cada portenho que conheço, encarna em si mesmo a esséncia existencial-velaí a contradicção- portenha,por excelência . As suas versões dos tangos clásicos no seu trabalho "Tinta Roja", é preciosa, ao meu ver.

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