Sua majestade Peret
Pedro Pubill Calaf, conhecido por Peret, nace em 1935 em Mataró.
Seu pai era vendedor ambulante de tecidos e ele acompanhava-o por toda Catalunya e Balears. Mesmo chegarom a ir a Argentina.
Com tanta viagem, o meninho não tinha temo de ir à escola, e seica aprendiu a ler de jeito auto-didata, observando os cartazes publicitários-para algo tinham que valer os cartazes-.
Peret comezou nos anos sesenta tocando em "tablaos" de Madrí e ele fui quem sacou a rumba que ficava agachada outravolta no bairro de Gràcia ao mundo com suas criações cheias de sabor, sões abigarrados e empréstimos de todas as músicas do Caribe.
Ademais, Peret aplicava-se com o ventilador, dava-lhe a volta à guitarra trescentos sessenta graus, contorcia a cintura coma Elvis e trinha as traças dum James Brown romaní.
Seus vinilos para Discophon venderam-se nos primeiros sessenta e, no ronsel do seu sucesso, xurdiu toda umha geração de artistas que a mais de conhecimento, tinham ofício, porque se tinham batido en innumeraveis entoldados e rambóias de subúrbio. El Noi, Moncho, El Gitano Portugués, Teresiya.
Mas essa liverdade de estilos que faz popular a rumba de Peret, também é o germolo da sua decadéncia.
Pouco a pouco fui dando tudo por bom, submetendo-se aos mais bizarros arranjos comerciais, sem seguir as pautas do flamenco, onde as innovações sempre tem o contrapesso dumha tradição vigiante e estrita.
Assim a rumba mutou e medrou sem se parar em considerações e rematou numha anedota cansina , queimada e desnaturaliçada.
Mas essa não fui a morte da rumba, nem muito menos.
Nem tampouco de Peret.
Amanhã, seguiremos rumbeando.
Deixo-vos aquí duas rumbas de Peret, umha en catalã que conta a história do seu pai, preciosa, ao meu ver, e outra em espanhol, que também é preciosa, para mim, e fala dum cigano chamado Antón.
Também um video de Peret rumbeando na Alemanha, num ato contra o racismo:
4 comentários:
Descobri acidentalmente este blogue e fiquei absolutamente interessado nele, pela sua grande qualidade do texto, das imagens e da pureza linguística, neste caso o Português da Galiza ou galaico-português.
Sim, eu sou dos que dizem Português de Portugal, Português do Brasil e Português da Galiza. Aqui é difícil dizer o que é melhor, tal a valia de tudo. Página para ver e acompanhar mais no futuro.
Uma pequena nota: sou de Paredes de Coura, terra que fica a 20 quilómetros de Tui.
Pois...Quanto me aleda que você gostasse de meu blogue e do meu galego...!
Muito obrigada pola sua opinião.
Eu sou de Vimianço, umha vila da Costa da Morte, perto de Fisterra.
Somos irmãos na língua e nas origens da nossa cultura.
Eu sinto-me em Portugal como na minha casa.
Saudações.
Gostei muito que me tenhas dado a conhecer Peret, de quem confesso nunca ter ouvido falar antes.
A canção alegre, "O meu amigo", em que conta a vida do pai vendedor ambulante é muito engraçada e começa com um espectacular solo de bateria, pouco usual em rumbas - creio eu!
Um abraço desde Lisboa.
Porque essa é umha versão onde se acompanha de músicos novos, dos que falarei mais adiante.
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